Não confundir com a síndrome de Malaquias. As duas costumam andar juntas, mas são diferentes. Uma quer arrancar o seu dinheiro pela opressão, pela ameaça de maldição, e com um versículo bíblico bem escolhido. A outra, pelo engano, pelo fetiche. Coisa deste tipo: o pregador arranja um objeto, como um manto, uma rosa, um troninho dourado, ou um pouquinho de terra, que ele diz ter trazido do monte Sinai, água do rio Jordão, ou sal grosso, e diz que se você tocar neles, vai ser abençoado, os seus negócios vão prosperar e você vai ficar rico — e nem cuida de alertar a você de que onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração! E, logo em seguida, chama algumas pessoas para dar o seu testemunho confirmatório do poder desses toques. Ou, então, você é orientado a fazer o desenho de uma chave de porta, e ele vai orar sobre ela, e dentro de alguns dias você vai ganhar ou poder comprar um apartamento ou uma casa. Com isso, diante do apelo dele, você lhe dá até o último centavo que tiver no bolso. E até o vale-transporte ou o dinheiro da passagem do ônibus você lhe entrega, e volta a pé para casa. Ou, se não tiver em espécie, você dá um cheque, ou até um cheque pré, ou passa o seu cartão de crédito na maquininha!
Outro inventa uma cerimônia, que inclui gestos e o próprio dinheiro. Ele manda fazer um baú — não o da felicidade! —, pega dinheiro de diversos países, mostra ao povo e diz: Este é o marco da Alemanha, venha para cá, e o coloca no baú, enquanto o povo vai fazendo um gesto com a mão puxando o dinheiro desse país para dentro do baú. Este é o dólar americano, esta é a coroa da Dinamarca, este é o dólar canadense, e assim por diante, e depois enterra o tal baú no piso da igreja. Isso terá o poder de atrair o dinheiro de diversas partes do mundo para aquela igreja, ele garantiu. E isso tudo em nome do Senhor Jesus, com a bênção do apóstolo, dos bispos e dos pastores. É uma coisa meio mágica — para não dizer, muito trágica!
Eu disse maluquice? Enganei-me: deve ser mandinga!
Diante disso, Mamon fica muito feliz e aumenta a arrecadação daquela igreja e o gazofilácio se enche. E com esse dinheiro no bolso, o pregador pode sair por aí pregando a prosperidade e dizendo aos crentes: Vejam irmãos, como Deus está me abençoando; ali fora está a prova, o carro zero quilômetro que ele me deu! E você vai lá fora conferir e, de fato, bem ao lado do seu fusca 68 está a reluzente BMW dele! Aleluia! Oh, glória! Ele grita... e você fica triste e frustrado! Não se preocupe. Não foi propriamente uma bênção de Deus. Foi com o dinheiro que ele arrecadou dos irmãos, de maneira apelativa e até com ameaça de maldições, que ele comprou aquele carrão.