Começo este estudo propondo uma pergunta, que cada leitor deve responder antes da leitura e estudo deste livrete. Você acredita que a prática do dízimo, como é ensinada na Bíblia, é para a Igreja? [ ] Sim [ ] Não [ ] Sem opinião
Antes de tudo, quero deixar bem claro que eu não tenho nada contra quem queira dar o dízimo à sua igreja ou ao pastor. Afinal, o dinheiro é seu, você o ganhou com o suor do rosto (espero!), portanto você faz dele o que bem lhe aprouver! Também não tenho a intenção de criar polêmica com este trabalho, embora esteja consciente de que vou desagradar a muitos pregadores. Nem tenho a presunção de ser o dono da verdade e de saber tudo; tanto que se você encontrar alguma coisa nesse arrazoado que não esteja bem fundamentada nos fatos e na Bíblia me alerte, por favor. Acho mesmo que muita coisa equivocada que se ensina sobre o dízimo — com raras exceções — deve-se à tradição ou ao costume: Eu ouvi e aprendi assim, como sendo a verdade; e ensinei assim, como sendo a verdade, sem ter examinado cuidadosamente o assunto por mim mesmo. (Não dizem por aí, que o uso do cachimbo entorta a boca?). Eu conheço defensor da prática do dízimo, que não entrega o dízimo. Ele defendeu a doutrina, fui verificar, e não achei o nome dele na execrável relação dos dizimistas, afixada na entrada do templo! E foi de tanto ouvir, ler e eu mesmo dizer disparates sobre o dízimo, que resolvi um dia fazer uma paciente e cuidadosa releitura da Bíblia, para descobrir por mim mesmo a verdade sobre esse assunto, com base exclusivamente nos textos bíblicos e nos fatos; e sem as influências das interpretações muito bem montadas, tendenciosas e interesseiras. Venho fazendo isso há mais de seis anos e sempre comparando com o que é ensinado. E a cada dia que passa, eu me convenço de que o que eu estou expondo aqui está correto.
Nos meus 53 anos de vida cristã evangélica, já ouvi, li e falei disparates desse jaez:
§ Como sabemos, o dízimo foi criado para o sustento dos levitas;
§ A única maneira de abrir as janelas dos céus é pagando o dízimo;
§ A prática do dízimo é fundamental para a nossa salvação;
§ Sou dizimista porque os pensamentos de Deus são mais altos. (Ainda não entendi o que o autor quer dizer com isso!);
§ O dízimo é para nós como o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal para Adão. Caso o comamos ou o retenhamos em casa ou o administremos, estaremos fazendo o mesmo que Adão fez, substabelecendo nossos direitos, bens, a família e toda nossa vida a Lúcifer e à própria morte. (Arre!).
Este é, pois, um livro escrito por quem busca a verdade e não tem medo dela; e se destina a quem igualmente busca a verdade e não tem medo dela. Se esse é o seu caso, continue lendo. Se não, desista agora, porque do contrário não vai tirar nenhum proveito desta leitura. Como se trata da busca da verdade, não é um livro para ser lido às pressas; especialmente porque serão indicadas muitas referências bíblicas, as quais devem ser buscadas e lidas. Portanto tire um tempo para lê-lo, ou melhor, para estudá-lo, com vagar e com muita atenção; e fazer uma avaliação criteriosa do seu conteúdo. Por ser um livro pequeno — daí ser chamado livrete —, dá para lê-lo duas ou mais vezes, em pouco espaço de tempo. Para compreendê-lo melhor e tirar maior proveito do estudo, o leitor precisa ter a Bíblia à mão e ler cuidadosamente as referências bíblicas indicadas; e, como ajuda, recorrer ao glossário no final do livrete, para rebater as dúvidas sobre as palavras pouco usuais. Eu diria que talvez esse estudo devesse ser feito em grupo ou por pelo menos duas pessoas juntas, pois enquanto uma pessoa lê o livro, a outra busca as referências bíblicas, e ambas lêem o texto e o comentam. Não deixe de fazer, ao fim de cada tópico, as anotações e os comentários que desejar.
Com o propósito de levar você a examinar por si mesmo os textos bíblicos, não vou indicar os versículos, como se faz comumente num estudo bíblico. Somente vou indicar o livro e o capítulo, e, eventualmente, transcrever um texto bíblico, para facilitar a compreensão. Não vou pôr a comida mastigada e digerida na sua goela, como fazem algumas aves com seus filhotes. Pois acredito que num estudo investigativo e criterioso da verdade, a indicação de um versículo isolado pode ser até muito perigosa. Veja: Eu ensino uma doutrina falsa, e digo que o fundamento dela está no versículo tal — às vezes, só no final dele, ou, como se costuma dizer, na parte b —, e você confere na hora, acha e se convence de que o que eu disse é verdadeiro. Ocorre que eu omiti o contexto e usei o pretexto, e você caiu direitinho no meu conto!
Exemplifico. Há pouco tempo, ao terminarmos a visita que fazíamos, minha amiga abriu a Bíblia e leu alguns versículos no livro de Jó, onde Elifaz, um dos seus três amigos, fez um discurso e emitiu conceitos sobre Deus. Todavia suspeitei que houvesse alguma coisa errada. Em casa, fui investigar. De fato, o que os amigos de Jó disseram a respeito de Deus tinha sido considerado por Deus mesmo inadequado, pecaminoso: A minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos; porque não dissestes de mim o que era reto, como meu servo Jó. Por causa disso, Elifaz teve de ir a Jó e pedir que oferecesse holocaustos por ele e pelos dois outros amigos. O contexto distante, ou melhor, o texto lá no fim do livro esclarece isso [Jó 42]. Um ano depois, encontrei a minha amiga e ela me contou que também já tinha se dado conta do equívoco. Imagine agora o desastre que seria um sermão pregado com bastante entusiasmo, tendo por base essas enganosas palavras de Elifaz e de seus dois amigos!