A Reforma da Reforma

A santa madre Igreja Católica Apostólica Romana tinha se apropriado do cristianismo e o prostituíra. Tinha se tornado uma entidade dogmática, política, intolerante e opressora. No fim do XIV e início do XV séculos, surge o Grande Cisma, permitindo que, em determinado momento, três papas, simultaneamente, se intitulassem chefes da igreja. Isso propiciou a direta interferência dos monarcas na política pontifícia, dividiu a intelectualidade da igreja e facilitou a pregação de Wyclife, Huss e outros que discordaram dela.

Em 1506, Júlio II, retomando o projeto de Nicolau V, resolve edificar nova Basílica de São Pedro. Para financiar a obra, concede indulgências aos que contribuíssem em dinheiro. O papa Leão X renova as indulgências, entregando a Alberto de Brandenburgo, arcebispo de Mogúncia, a responsabilidade de pregá-las na Alemanha. O arcebispo, necessitado de dinheiro, obteve do papa a metade da quantia que fosse arrecadada, com a qual poderia saldar 20.000 florins devidos aos Fuggers. Ao imperador Maximiliano I, para que não se opusesse à transação, foram assegurados 1.000 florins. A pregação cabia a Tetzel, monge dominicano pouco versado em Teologia. Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero afixa na porta do castelo eleitoral de Wittenberg as 95 teses ou proposições com que condenava as indulgências. Nada contra a Igreja, nem contra Tetzel. Nenhuma referência desrespeitosa ao papa. Condena um instrumento de perdão que induz o crente ao erro, pois confere ao pecador uma falsa segurança.

Disso nasceu um movimento chamado Reforma Protestante ou, como preferem alguns, Revolução Protestante, que acabou dando origem a diversos movimentos e seitas. Os hoje chamados crentes ou evangélicos somos direta ou indiretamente filhos ou frutos dessa Reforma ou Revolução.

Agora, parece que estamos precisando de mais uma Reforma. A avidez por dinheiro, no seio das chamadas igrejas evangélicas, adotou até uma nova teologia. É a Teologia da Prosperidade. O assunto dominante em muitas reuniões é o dinheiro. Criam-se as mais diferentes formas para arrecadá-lo. Lança-se mão do merchandise, da mídia, da outorga de comissões, de promessas, maldições, fetiches, construções de palácios para Deus, concessão de títulos de nobreza e outras espertezas. Indulgências? Nem falar! Mas o dízimo, este sim, é um instrumento bastante apropriado, pois não está na Bíblia? Isso faz a sua pregação facilmente aceitável entre os fiéis. E então se monta o engano sobre a verdade. Toma-se uma prática legitimamente dos judeus e aplica-se à Igreja, deixando de lado as outras práticas que não trazem vantagens diretas para os pregadores!

Acho que foi por causa desse tipo de coisa, que um mecânico disse ao meu amigo residente em Belo Horizonte: Se Jesus é o caminho, o Edir Macedo deve ser o pedágio!