Prefácio

Antes que você descubra, quero lhe fazer uma honesta, mas triste confissão: Eu não sou escritor. Este livrete é apenas uma atrevida incursão numa aventura literária, e que talvez nem passe de uma simples arenga.

Ocorria sempre que, em conversa com uma ou outra pessoa sobre o dízimo, alguém me sugeria que eu escrevesse a respeito dos resultados a que eu tinha chegado em meus estudos particulares sobre esse assunto. Mas eu respondia: Não, isso foi apenas uma busca que eu fiz para o meu próprio consumo; era só para tirar algumas dúvidas que assaltavam os meus pensamentos de vez em quando. Na realidade, eu buscava descobrir também os motivos pelos quais nós os pregadores não revelávamos a verdade sobre os pais e a verdadeira identidade e natureza deste filho órfão, adotado pela maioria das igrejas evangélicas, chamado Dízimo, o qual, em alguns casos, se tornou quase senhor delas. Eu queria saber também porque os pregadores, por maioria, adotaram o Dízimo e não quiseram adotar outros irmãos dele, tais como o Sábado, a Primogenitura, a Circuncisão, o Levirato, discriminando-os sem motivos aparentes, pois todos eles foram, igualmente como o dízimo, adotados também pela Velha Aliança (a Lei). Seria porque o dízimo é rico e os seus irmãos, pobres?

Mas no comecinho deste ano de 2006, eu separei um tempo e resolvi colocar no papel o que estava na minha memória, e expor a verdade, desnudando-a diante da Igreja e revelando o engano que, com interesse e esperteza, foi montado em cima desse filho da Velha Aliança (a Lei), a qual, à semelhança do rei Jeorão, se foi sem deixar de si saudades [II Crônicas 21]. Faço-o também por desencargo de consciência, porque descortinando a verdade sobre esse polêmico tema, não poderia deixar de levá-la ao conhecimento da santa grei, visto que também já fui pregador do dízimo. Após uma honesta pesquisa e um criterioso estudo, revisei os meus conceitos sobre essa doutrina. E, agora, após o estudo sério deste livrete, se alguém ainda pregar que o dízimo é doutrina para a Igreja, não poderei considerá-lo um legítimo pregador, mas um enganador! E até me atrevo a convidar esse pregador para uma conversa amigável, mas muito séria sobre esse assunto, com mentes e Bíblias abertas: ele de lá e eu de cá, cara a cara, vis-à-vis, face to face. Proponho-me a lhe mostrar definitivamente que o dízimo não é doutrina bíblica para a Igreja. E mais. Que existem outros assuntos, sobre os quais o Senhor Jesus e os apóstolos falaram diversas vezes, com acentuada ênfase, e para os quais os pregadores não atentam com o mesmo afinco e interesse com que tratam o dízimo. Por que será? Será por quê?

Pasmem! Enquanto rabiscava estas páginas, deparei-me com um livrinho sobre o dízimo. Li-o com sofreguidão, para ver se achava alguma idéia interessante. Encontrei nele pouco mais do que a mesmice. Para ser justo, achei duas novidades: Uma. O Autor não citou um versículo sequer do Novo Testamento, para fundamentar o seu arrazoado. Nem mesmo aquele das três palavrinhas: sem omitir aquelas. Duas. Mas teve a coragem de atribuir a longevidade de Abraão, o primogênito de Terá [Gênesis 11], morto aos 175 anos [Gênesis 25], ao suposto fato de ter sido ele um dizimista fiel! Pois bem, diante dessa extraordinária descoberta científica, busquei na matemática a regra de três, para aferir essa descoberta; e, efetuados os cálculos, concluí que Matusalém (primogênito de Enoque — o homem que andava com Deus, e que Deus tomou para si — e avô de Noé [Gênesis 5]), morto aos 969 anos [Gênesis 5], devia pagar uns 55,37% dos seus ganhos, pois: 175 anos estão para 10 (dízimo), assim como 969 anos estão para X. Logo, X é igual a 55,37! Ou então Matusalém é que era dizimista fiel e não Abraão, pois viveu bem mais tempo do que ele! Confesso que essa leitura me causou um grande mal-estar. Por essas e por outras, esse Autor já me deixou uma profunda impressão de que ele não passa de um enganador.

Você já ouviu e leu isto muitas vezes e sabe que foi ELE quem disse: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará [João 8]. Vamos então neste livrete investigar a verdade, fazendo um estudo sério e criterioso sobre o dízimo, e ilustrando-o com fatos atuais — alguns, bastante extravagantes, outros, até esdrúxulos. E descobrindo a verdade, você se libertará do engano e da opressão financeira religiosa. E de consciência tranqüila, sem medos e sem sustos, saberá como se portar diante dessa doutrina e dos doutrinadores, se você é ovelha. E se você é doutrinador, conhecendo bem essa verdade, deixará de impor essa doutrina equivocada, opressora e ameaçadora ao rebanho.

Sei que em alguns momentos, posso parecer irreverente no trato desse assunto, mas não é nada disso. São apenas recursos que eu uso para descontrair e aliviar um pouco a dor que o coração sente, ao ver tanta coisa que se impõe a esse povo santo, que foi libertado para a liberdade, submetendo-o de novo a jugo de escravidão [Gálatas 5].

E aí está o livrete. Peço-lhe, então, que ao lê-lo releve meus erros (pois descobri em tempo que eu não sou infalível!), e especialmente a falta de clareza das minhas explanações. E por causa disso, peço-lhe mais uma coisa: Quando a explanação de um texto não estiver muito clara, bem inteligível, leia-a novamente até que ela se torne clara e compreensível. É assim que hoje eu costumo fazer, quando estou diante de um texto pouco claro ou de difícil compreensão. Desde já, obrigado pela sua tolerância e condescendência. E vamos ao estudo.

(A tradução da Bíblia que eu uso é a de João Ferreira de Almeida, revista e atualizada, publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil nos idos de 1960. Dou essa informação, porque pode haver divergência de palavras na tradução, que não permita o mesmo entendimento).